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terça-feira, 7 de abril de 2009

Nossa Casa


Havia um Senhor que sempre trabalhara na construção civil , até que já de uma certa idade , cansado , decidiu descansar.

E avisou o seu patrão de toda uma vida , que iria reformar-se.

O patrão teve pena de perder um mestre tão trabalhador e capacitado, mas compreendeu que ele tinha todo o direito de descansar.

Mas antes de se reformar o patrão entregou-lhe uma ultima obra para fazer.

Ele aceitou por mera obrigação , mas estava já tão farto daquele trabalho, e também desmotivado e sem vontade , que fez a pior obra da sua vida.

Fez acabamentos feiíssimos , usou materiais sem qualquer qualidade.

E o resultado final foi uma casa ruim e feia.

Quando ele terminou de fazer a triste e feia obra, o patrão veio conhecer a casa e de seguida ofereceu-lhe a chave, dizendo:

-Esta casa é para si , é o meu presente por toda uma vida de trabalho para a nossa empresa.

Certamente que se aquele Senhor soubesse que estava a fazer a sua casa, teria usado bons materiais, e teria feito bons acabamentos.

Pela sua falta de vontade , ele mesmo condenou-se ainda que sem saber a viver numa casa feia.

E é assim que sucede com todos nós.

Construímos as nossas vidas de maneira distraída , sem colocar muitas vezes o que temos de melhor em nós.

Como se agindo assim fossemos capazes de ser mais espertos ou audazes que os outros.

E nos assuntos importantes , gostamos mais de ser espertos , de recorrer a esquemas , do que sermos aplicados.

E um dia vemos apavorados a situação a que essa nossa filosofia de vida nos fez chegar.

E de repente vemos que estamos de facto a viver na "casa" que construímos , que se soubéssemos como ela ia afundar , teríamos construído melhor.

A vida é a nossa casa, cada palavra , cada gesto , cada atitude formam as paredes e o tecto da casa onde passaremos a nossa vida aqui.

Por isso devemos construir com empenho e sabedoria.

E mesmo que uma doença grave nos roube o tempo de construção , mesmo que tenhamos a certeza de pouco podermos construir , devemos fazer o que nos for possível , com o máximo de dignidade.

Fonte: Gonçalo Nuno de Assis C. Batista